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Sinopse afetiva de Campo Geral, novela de Guimarães Rosa

Campo Geral chegou a mim por meio de uma imposição: ainda vestibulanda, recebi uma lista de leituras obrigatórias que deveriam ser finalizadas dentro de um prazo determinado. Entretanto, a travessia de Miguilim pela infância nos Campos Gerais encantou-me desde o primeiro parágrafo. O cenário sertanejo, a sensibilidade de Miguilim, a sabedoria de Dito e a peculiaridade vocabular cativaram-me como nenhuma outra narrativa. A morte de Dito — talvez um dos momentos mais tristes e bonitos — teve um significado muito mais amplo que o simples passamento de um personagem. Na época de meu contato com a obra, meu avô recuperava-se das graves complicações da Covid. Durante uma noite de leitura, o telefone toca, o coração aperta e vou à casa dele. Antes de sair, despeço-me, como sempre fazia naquelas semanas tão conturbadas. Ao chegar em casa, já de madrugada, retomo a leitura e deparo-me com o falecimento de Dito, que era considerado mentor de Miguilim, da mesma forma que meu avô sempre foi para mim. Esse evento compeliu Miguilim à maturidade assim como a doença familiar coagiu-me. Ao término da leitura, passei dias remoendo a dor de Miguilim e pensando como seria se eu sofresse a mesma perda. Felizmente, não sofri, mas a condolência ficou eternizada.

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